Face control: Baladas




Existem coisas por esse mundo que às vezes a gente não faz ideia nenhuma. E nas noites de baladas, principalmente na Europa, rola o tal do face control. O que é isso? É uma seleção bem preconceituosa das pessoas que pretendem entrar em alguma boate. Isso mesmo, tem mais essa. Além de você se deslocar do seu continente, ainda precisa torcer muito para que te deixem entrar em algum lugar, que é claro, você vai pagar normalmente.

Eu não tinha ideia de que isso acontecia por ai e que é a coisa mais rotineira para o pessoal nas portas de baladas. A primeira vez que passei por essa experiência foi em Buenos Aires. Pesquisei todas as baladas da cidade e em todos os sites dizia sobre a obrigatoriedade de específicos tipos de roupas (homens nem pensem em usar tênis) e boa aparência. Avisei minhas amigas e disse para capricharem no modelito pois a beleza ia ser fundamental. Estávamos tranquilas pois afinal de contas somos brasileiras, nossa fama tinha que ser útil para alguma coisa. Batata! Não tivemos problemas em nenhum lugar, ainda entramos de graça e bebemos com muitas cortesias.

Do outro lado do oceano a coisa funciona bem diferente. Os critérios não são apenas “beleza”, e pelo que andei pesquisando, ninguém sabe nada a respeito desses benditos critérios. Tudo gira em torno do dia, do segurança, da lua, da sua sorte. É completamente tenso. Você entra numa big fila num frio descomunal e na sua vez recebe um “Sorry you can't get in!”. Eu vi gente feia entrar, bonita barrada, homens entrarem, mulheres barradas e vice-e-versa. Mas como eu disse já é bem comum e as pessoas tiram de letra, pegam o táxi e vão para a próxima boate-tentativa.

Depois de Buenos Aires, encarei essa etapa pré-balada em Berlim. Com uma segurança interna encaramos a fila sem saber como agir. Muitos dizem que é melhor evitar grupos grandes (se for seu caso, divida os amigos na fila) e não ser muito barulhento e espalhafatoso (fique longe dos italianos). E reze, reze mesmo. Fomos barradas (duas mulheres brasileiras com visual caprichadaço) numa balada eu acredito que por causa da língua. O segurança perguntou quantas pessoas eram e eu inocentemente respondi em inglês que eram duas. Eu podia ter aprendido pelo o menos a falar isso em alemão. Droga! Ele pediu para esperarmos do lado, observamos e parece que o pessoal que estava esperando de lado aos poucos iam entrando, estávamos sob uma temperatura negativa e resolvemos ir para outro lugar. Fiquei chateada porque queria muito entrar ali. Não tem problema na próxima vez que for até lá eu tento de novo.

Pegamos o táxi e fomos para uma outra perto dali, a mesma coisa de antes: a fila. Nessa entramos numa boa, sem tensão. No outro dia pelas ruas da cidade conhecemos uns brasileiros que tinham sido barrados nessa mesmo balada que conseguimos entrar. O segurança disse a um deles que ele estava arrumado demais. Eu perguntei se ele tinha ido de terno, o coitado disse que estava normal, com uma gola pólo apenas. Vai entender! Resultado: nenhum deles entrou. Não existe critério mesmo, eles inventam uma desculpinha e ponto final.

Depois aconteceu numa baladinha em Lisboa. Quanto mais top a balada for, maior a probabilidade de controle na entrada. Pegamos uma fila gigante (dessa vez estávamos com pessoal que conhecemos no hostel), e eu já cantei a pedra que não íamos entrar. Pelo simples fato de uma das gurias estar de calça jeans e pela presença do rapaz do hostel (guia) que já era meio tiozão. O resto do pessoal estava “ok”. Mas esses dois estavam queimando o nosso filme, e queimaram mesmo. Quando chegou nossa vez a moça apenas disse: “300 euros de consumação”. Fomos para uma outra, eu fui na frente para conversar com o segurança, estava de vestido e tirei o casaco. Existiam várias comandas de todos os valores possíveis, ele nos deu uma de 5 euros. Entramos.

O problema disso tudo é a frustação. Confesso que a sensação é péssima. Você tem a grana e escolheu aquele lugar para ir, por vários motivos, e é impedido de entrar. Dá uma raiva imensa, mas depois você vai se acostumando como a maioria já é. Sempre rola uma barraquinho nas portas de gente que não aceita ou se acha humilhada. Esse esquema é muito forte na Europa e ele funciona mesmo, até as brasileiras podem rodar (quem diria). Em Paris a coisa é ainda mais rígida, mulheres sem salto alto não precisam nem sair de casa.

Coloquei apenas os casos mais memoráveis à respeito. Preciso dizer que ao mesmo tempo que a seleção pode ser muito dura com você e seus amigos, ela pode ser muito boa. Tipo assim, vocês entram de graça (no caso de mulheres), ganham comandas mais baratas, ganham cortesias e coisas assim. E muito importante, depois que você entra só encontra gente bonita e bem apresentável. É tenso e tosco, mas em geral nos traz boas consequências.

Dê uma olhada em:
Balada em Lisboa, Miami, Munique, Düsseldorf, Argentina, Paris, Valência, Ibiza, Barcelona, Madri.

Comentários

  1. Ainda bem que não temos isso no Brasil !!!

    ResponderExcluir
  2. é uma pena nao poder ter door police no Brasil, isso deveria ser valido por aqui tbm

    ResponderExcluir
  3. Quando não se há consciência social as debiloides normalizam o absurdo na esperança de se beneficiar

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

As praias de Ibiza

Tauá Resort Alexânia: vale a pena ir?

Zoo Luján de Buenos Aires: a pior coisa para se fazer na vida